No passado dia 20 de setembro o Grupo de Trabalho da Rede Intermunicipal de Bibliotecas de Leitura Pública da CIM Cávado (RIBCA) realizou as I Jornadas de Reflexão intituladas “As Bibliotecas e a Leitura Pública Digital: O Presente e o Futuro”. Esta ação decorreu no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva (Braga) dirigida a profissionais de informação e do ensino ligados à promoção do livro e da leitura e contou com a presença do Engenheiro Luís Macedo, Primeiro Secretário Executivo da Comunidade Intermunicipal do Cávado (CIM Cávado) na sessão de abertura.
Estas jornadas resultaram de um ano de trabalho colaborativo deste Grupo de Trabalho da CIM, preocupado em analisar o contexto presente e preparar o futuro próximo. Proporcionaram a partilha de experiências e saberes entre profissionais portugueses e espanhóis no que concerne às dificuldades, desafios e oportunidades das bibliotecas na era da edição digital. Algumas questões tais como: a gestão de direitos de autor em ambiente digital, o seu enquadramento legal, a produção e distribuição de livros eletrónicos, novas formas de leitura em suporte e ambiente digital, o desenvolvimento de bibliotecas digitais com vista à leitura pública, as licenças creative commons, os direitos de empréstimo de livros eletrónicos pelas bibliotecas, plataformas de leitura digital, foram alguns dos pontos abordados nestas jornadas, com a participação de 11 brilhantes comunicações.
Das várias conclusões decorrentes das jornadas, é de salientar a pouca recetividade por parte das crianças relativamente aos livros digitais, a falta de mercado para estes se afirmarem e também a falta de uma política nacional para este género de leitura.
Estiveram presentes nas jornadas cerca de 80 pessoas, na sua maioria técnicos de bibliotecas de leitura pública e professores bibliotecários.
Maria José Moura (1937-2018): morreu a “Mãe” da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas
Maria José Moura, responsável pela criação da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas, morreu há uma semana em Lisboa. Chamavam-lhe, carinhosamente, a “Mãe” da rede de bibliotecas públicas portuguesas, que não se limitou a criar e coordenar ao longo de 20 anos, mas que acompanhou sempre, visitando as bibliotecas, encorajando os jovens bibliotecários, estimulando encontros e projetos, mesmo depois de se ter jubilado, quando atingiu o limite de idade para o desempenho de funções públicas.
Maria José Moura dedicou a sua vida ao serviço de uma causa que lhe granjeou renome nacional e internacional, uma vez que a rede de bibliotecas que criou foi considerada um exemplo modelar pelos mais importantes organismos europeus e mundiais de bibliotecas e bibliotecários.
Licenciada em Ciências Históricas e Filosóficas, especializou-se em Bibliotecas e Arquivos pela Universidade de Coimbra. Até 1987, ano em que foi nomeada Diretora de Serviços da então designada Rede Nacional de Leitura Pública, foi Diretora dos Serviços de Documentação da Universidade de Lisboa. Foi ainda Coordenadora Geral do Projeto do Inventário do Património Cultural Móvel, Delegada Nacional do PGI/UNESCO, Vice-Presidente do Conselho Superior de Bibliotecas, responsável pelo National Focal Point – Telematic for Libraries Program e membro do Information Society Forum (Bruxelas), tendo integrado a Comissão de Honra do Plano Nacional de Leitura.
A defesa e a promoção da profissão de bibliotecários e arquivistas foi outra das missões que assumiu com o ardor que a caracterizava, sendo sócia fundadora da BAD – Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas -, onde desempenhou as funções de Presidente e Vice-presidente da Direção e Presidente da Assembleia Geral, e que lhe atribuiu o estatuto de associada honorária. Era ainda membro da IFLA – Federação Internacional de Associações e Instituições de Bibliotecas – onde integrou os Comités Permanentes “Public Libraries” e “Library Buildings and Equipment”. Em 1998, por proposta daquela Federação, recebeu o Prémio Internacional do Livro e, em 1994, havia sido já agraciada com a Ordem de Mérito do Estado Português.
Maria José Moura foi uma mulher livre, de sorriso largo e energia radiosa, e uma lutadora pelas causas do livro, da leitura e das bibliotecas e pelo direito dos cidadãos ao acesso aberto à cultura, à informação, à educação ao longo da vida e à ocupação útil dos tempos livres. Foi assim que concebeu e liderou, com o total apoio dos municípios, a Rede Nacional de Leitura Pública, uma verdadeira revolução cultural que povoou de bibliotecas um país onde, até então, elas não passavam de cochichos mal iluminados, mal apetrechados e sem recursos humanos, albergadas em locais esconsos das autarquias. Hoje em dia, as bibliotecas municipais existem em quase todos os Concelhos do Continente e na Região Autónoma dos Açores e são espaços agradáveis, com leitura para todas as idades, acesso a computadores e à Internet, a música e a audiovisuais, a actividades culturais de todo o género, abertas a toda a população, segundo princípios de liberdade intelectual e de expressão, convivência, pensamento, aprendizagem ou pura recreação.
Deve muito o país e a região a esta figura, devem-lhe muito as bibliotecas, os bibliotecários e os cidadãos que estes e aquelas servem. O Grupo de Trabalho de Leitura Pública da CIM Cávado presta-lhe aqui a última homenagem, um agradecimento público pelo seu trabalho e pelo exemplo de vida.
Até sempre, Maria José Moura.
As bibliotecas públicas têm um papel fundamental no desenvolvimento cultural dos indivíduos. Propõe-se que seja disponibilizada uma plataforma nacional de serviço online de empréstimo de títulos atuais de publicações monográficas em formato digital/ebook.
Esta nova plataforma tem como principal objetivo apelar à leitura, num ambiente confortável e não limitado a espaços físicos. O cidadão que deseje ler, deve poder fazê-lo no seu espaço e tempo de conforto. Livre para ler onde quiser. Esta plataforma nacional de empréstimos de ebooks ainda não existe oficialmente em Portugal. Porém, a economia digital tem de evoluir para novos paradigmas e posicionar-se dentro daquele que é o interesse nacional. Assim, havendo uma mediação especializada na leitura digital, acessível e democrática, muito serviria os interesses dos cidadãos nos diferentes grupos etários.
O serviço de empréstimo deverá ser tendencialmente gratuito, sendo essencial que o serviço de empréstimo de ebooks possibilite ao cidadão leitor aceder de uma forma fácil, rápida e prática aos conteúdos existentes na plataforma, a partir de um aparelho ligado a uma rede de internet sem fios em qualquer lugar do território nacional. As bibliotecas diante deste novo serviço, deverão disponibilizar ao cidadão um conjunto de tablets ou de ereaders que possam emprestar ao domicílio, por requisição prévia à biblioteca.
Pretende-se que este serviço promova e aumente os níveis de leitura em Portugal e por região, num acesso mais democrático à leitura digital, promovendo o conhecimento.
Num momento em que o trabalho em rede assume um papel cada vez mais central para as bibliotecas públicas e em que uma abordagem regional dos equipamentos de bibliotecas municipais começa a demonstrar resultados e vantagens e a produzir impactos positivos nos territórios e junto das populações, a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, a Câmara Municipal de Seia e a Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela organizam, no próximo dia 5 de Junho, em Seia, o 1º Encontro das Redes Intermunicipais de Bibliotecas Públicas.
Trinta e dois anos nos distanciam da assinatura do despacho de criação da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas que colocou ao serviço do país instituições únicas no acesso ao conhecimento, equipamentos culturais de proximidade, que possibilitam o acesso gratuito à informação a milhares de pessoas. Uma revolução considerada silenciosa, alteradora dos equilíbrios sociais, essencial para o desenvolvimento social, cultural e educativo dos territórios.
A Direção-Geral dos Livros, Arquivos e Bibliotecas tem vindo a desenvolver uma estratégia de criação de redes intermunicipais de bibliotecas públicas municipais assente num contacto direto e de proximidade com os Municípios e os bibliotecários que pretende servir de base a um novo tipo de programa de requalificação de serviços, com uma visão inclusiva e diversificada no panorama biblioteconómico nacional.
É neste contexto que começam a nascer os Grupos de Trabalhos no seio das Comunidades Intermunicipais (aprovadas pela Lei 75/2013 de 12 de setembro), promovendo trabalho em rede descentralizado, de âmbito regional que, ganhando escala, tem fomentado o conhecimento mútuo e reforçado a identidade territorial.
Em pleno Século XXI, este é o momento de mudança de paradigma, tendo sempre como pano de fundo, a defesa do serviço das bibliotecas públicas, fomentando a cooperação e o trabalho em rede entre bibliotecas, numa lógica de partilha de recursos e serviços.
O Encontro terá lugar na Casa Municipal da Cultura de Seia. O Programa estará disponível em breve.
NOTA: A participação no Encontro é gratuita, de inscrição obrigatória, condicionada à capacidade da sala e apenas se torna efetiva após confirmação por parte da Direção de Serviços de Bibliotecas (DGLAB). Data limite de inscrição: 29 de maio. As inscrições são consideradas por ordem de chegada, sendo dada prioridade aos profissionais a exercer funções nas bibliotecas públicas portuguesas e a funcionários das comunidades intermunicipais e área metropolitanas.